quarta-feira, 9 de março de 2011

Vida nova, cabelo novo

Pequenas ou grandes, as transformações no visual acompanham novas fases

“Os consultórios dos psicanalistas parecem salas de espera dos ginecologistas”, observa o psiquiatra Jorge Forbes, sobre a grande procura de mulheres por aconselhamento psicológico. Um dos motivos para isso, segundo ele, é o fato que o gênero feminino se relaciona mais frequentemente com suas dúvidas. Tal característica não só reflete uma procura por respostas, mas também pelo novo. “Os homens são mais universais, sempre a mesma versão do um. As mulheres são mais diversas, divertidas. Elas ocupam o espaço social da criação e da variação”, aponta Forbes.

A busca por transformação pode se dar também em outro divã: o do cabeleireiro. Um estudo encomendado pelo hair stylist britânico Andrew Collinge no último ano mostrou que as mulheres mudam o estilo de cabelo 104 vezes durante toda a vida. As experimentações, que vão de um leve repicado nas pontas até uma nova cor, são motivadas principalmente por fatores emocionais. O apelo fashion, como as tendências de uma nova estação, ganhou apenas o sexto lugar no ranking, antes dele as motivações apontadas foram: “Porque eu precisava de uma mudança”; “Eu estava entediada”; “Para aumentar a autoconfiança”; “Após o término de um relacionamento” e “Para me reinventar”.

A ex-integrante do Big Brother Brasil, Juliana Goes, 25, acaba de mudar o cabelo. “Estou num momento mais séria”, diz ela, que após o término do programa, em 2008, posou nua para a revista masculina Playboy. Atualmente focada na carreira de jornalista e apresentadora de televisão, a ex-sister busca uma recolocação de imagem. “O cabelo sinaliza uma nova fase. É legal marcar isso de alguma forma, como se fosse um voto de renovação”, conta. “Estou muito realizada na minha carreira”.


Cabelo curto marca momento profissional da ex-BBB Juliana Goes


Juliana em duas fases: com o cabelo comprido, na época do BBB, e atualmente


Além de construir uma nova imagem diante dos outros, mudar o visual também ajuda a convencer-se de que algo bom está por vir, um tipo de autosugestão. “Tem uma crença popular que diz que quando você faz uma mudança radical acontece uma mudança na sua vida. Você fica aberta às mudanças”, atesta Juliana. Para a atriz Stephany Brito, 23, o fim do casamento marcou a transformação. Após o término traumático do romance com o jogador Alexandre Pato, o longo cabelo inocente viu tesoura.


Stephany Brito mudou o cabelo após o término do casamento, em 2009


Especialista em transformações, o cabeleireiro Júlio Crepaldi, do Salão Galeria, em São Paulo, acredita que as mulheres querem mais que beleza. “Eu não sei se todas as pessoas querem ser belas, acho que elas querem mesmo é seduzir. E não no sentido erótico, mas no sentido de se sentirem amadas”, diz. Os anos de carreira mostram, segundo ele, que mudar o cabelo é só um ponto de partida para algo maior. É comum uma cliente que após uma repaginada volta ao salão com roupas novas e outras amizades.

Difícil, muitas vezes, é fazer entender que o cabelo da artista não combina com o da cliente. Como uma senhora que cismou em copiar o corte de Ana Maria Braga, apresentadora de televisão. “Não ficou bom, eu avisei”, conta ele, que dificilmente topa realizar desejos duvidosos. “Mas ela queria tanto, aquilo era tão importante para ela, que acabei fazendo”. A senhora, claro, ficou feliz da vida. Assim como aquelas que pedem o cabelo da Gisele Bündchen, campeão na preferência feminina há anos. “A pessoa não tem nada a ver com a Gisele, mas levanta da cadeira se sentindo mais poderosa e faz até pose”, diverte-se.

Mais comum, no entanto, são as que buscam pequenas transformações, mas de forma mais frequente. “Às vezes o mínimo é o máximo. É como o ponto de um doce: em um detalhe o cabelo vem”.


Considere quatro dicas espertas para mudar o visual sem arriscar-se demais:

1. O poder da franja. Medo de cortar o cabelo? Comece pele franja. Ao mudar o estilo, o rosto ganha nova moldura e, assim, a diferença no look aparece. Mas antes de cortar leve em consideração a praticidade do novo comprimento.

 


2. Se joga nas camadas. Cabelo escorrido de adolescente pega mal depois dos vinte e poucos. Este é um ótimo recurso para mudar o corte sem abrir mão do comprimento. As camadas dão leveza ao rosto e brincam com a ideia de volume e profundidade.



3. Jogo de cores. Não é preciso chapar o cabelo de uma cor só para mudar a tonalidade. Um ótimo efeito jovial pode ser alcançado com poucas mechas estratégicas, que iluminam o rosto e o olhar. A técnica ombré, que clareia progressivamente a cor ao longo do fio, também é boa opção chique e moderna.



4. Bobe, babyliss e difusor. Deixe a preguiça de lado e invista alguns minutos na composição de um novo penteado. E fique de olho nas novidades: o cabeleireiro Marco Antonio de Biaggi adianta: “Cachos mais soltos são tendência”.


 


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