terça-feira, 5 de julho de 2011

Tratamento alternativo ao Botox mostra eficiência em testes

Estudo sugere que o Dysport seria melhor que o Botox contra pés de galinha

Uma versão recentemente aprovada da toxina botulínica tipo A, utilizada para suavizar rugas, venceu o Botox em testes que compararam a eficácia das duas substâncias ao apagar as indesejadas linhas de envelhecimento ao redor dos olhos – conhecidas como pés de galinha. O resultado do estudo foi publicado no dia 20 de junho na edição online do periódico Archives of Facial Plastic Surgery.

“Um mês após o tratamento, cerca da metade dos pacientes preferiu os resultados do Dysport ao do Botox em termos de melhora das rugas”, disse o médico Corey S. Maas, professor da Universidade da Califórnia que conduziu o estudo. Ele também é cirurgião plástico na Maas Clinic, com filiais em San Francisco e Lake Taho.

“Podemos dizer que, no período de um mês, o Dysport se mostrou mais eficiente que o Botox para suavizar as pequenas linhas do sorriso ao redor dos olhos. Isso é de grande importância, pois o Botox é uma marca extremamente reconhecida e traz excelente resultados. Mas, quando surge outro produto igualmente bom em alguns aspectos e ainda melhor em outros, isso é uma grande notícia para todos nós, médicos e pacientes”.

Em 2002, o FDA (agência que regula remédios e alimentos nos EUA) aprovou uma formulação especial de toxina botulínica tipo A, conhecida popularmente como Botox e fabricada pela indústria farmacêutica Allergan Inc. Outra versão da mesma toxina botulínica foi aprovada na Europa, em 2001, para uso geral em procedimentos cosméticos: o Dysport, fabricado pela Medicis Aesthetics. Tal versão foi aprovada para uso nos Estados Unidos em 2009.

 Pés de galinha:
pesquisadores comparam o Botox ao Dysport


* Como os testes foram feitos

Para comparar a eficácia dos dois produtos, a equipe de pesquisa conduziu testes com 77 mulheres e 13 homens, com idade superior a 18 anos, entre os anos de 2009 e 2010. Nenhum dos participantes havia se submetido a procedimentos químicos ou a laser no tratamento de pele nem ao uso de lifting facial. Além disso, nenhum deles havia se exposto a qualquer forma de toxina botulínica nos seis meses anteriores ao início do estudo. Os pacientes foram fotografados antes do procedimento, em posição de descanso e com testa e sobrancelhas contraídas. As rugas foram então avaliadas em uma escala de um a cinco.

Cada um dos lados do rosto dos pacientes foi exposto a um dos dois tipos de substância. Calculando que a proporção de potência entre as duas é de aproximadamente três para um, os pesquisadores injetaram 10 unidades de Botox na região dos pés de galinha de um lado do rosto e 30 unidades do Dysport do outro lado. Um mês após a aplicação, os pacientes foram fotografados novamente ao contrair os músculos faciais ao máximo.


* Resultados dos testes

Como resultado, tanto os pesquisadores como a maioria dos pacientes concordaram que o Dysport produziu um resultado melhor que o Botox. Especificamente, dois terços dos pacientes expressaram preferência pelo Dysport, classificando o produto quase um ponto acima na escala de um a cinco. Os autores observaram, porém, que quando os pacientes relaxavam os músculos faciais, não havia diferenças marcantes entre os dois lados do rosto.

“Devemos agir com cautela para não exagerar nesta questão. Nossas descobertas mostram claramente que há um melhor efeito suavizante das linhas ao redor dos olhos com o uso do Dysport. Mas, será que isso quer dizer que esta substância também alcança melhores resultados em rugas ao redor da boca, no pescoço ou na testa? Nós realmente ainda não podemos chegar a uma conclusão”, disse Maas. O especialista ainda complementou: “O custo das duas substâncias é aproximadamente o mesmo. Talvez o Dysport seja até um pouco mais barato, mas não é uma diferença substancial”.

Ele também admite que, embora as duas indústrias farmacêuticas tenham sido procuradas para financiar a investigação atual, apenas o fabricante do Dysport acabou contribuindo financeiramente. “Se você já detém 90% do mercado, por qual motivo financiaria um estudo no qual um empate já representaria uma derrota? Porém, devo complementar que a Allergan não concordou com a dosagem e com a análise estatística que utilizamos, mesmo que eu acredite que o conjunto de evidências científicas apoie a forma que utilizamos as duas substâncias”.


* Fabricante do Botox argumenta

A Allergan lançou uma declaração com argumentos que desafiou a descoberta em diversos aspectos, dentre eles a pequena amostra do estudo, o curto período de testes e, o mais importante, a proporção utilizada das substâncias em cada lado do rosto dos participantes. “As falhas mais importantes na elaboração deste estudo foram com relação às dosagens e padrões de aplicações utilizados. Nele, os pacientes se submeteram a 10 unidades de Botox e a 30 unidades de Dysport. Como acima declarado, as marcas Botox e Dysport não são equivalentes e não existe uma conversão de dosagem estabelecida, ou seja, 10 unidades de Botox não representam 30 unidades de Dysport. Quando pacientes são tratados com Botox para suavizar as linhas verticais entre as sobrancelhas, eles costumam receber 20 unidades do produto, que é a dosagem aprovada pelo FDA. Além disso, em termos de dosagem específica, o Botox também tem um padrão de aplicações que devem ser administrado de acordo com a região e o paciente, o que não foi observado”.

A médica Dóris Day, dermatologista do Lenox Hill Hospital, de Nova York, também adverte que a tentativa de analisar as duas substâncias “muito semelhantes” pode apresentar outras dificuldades. Ela comentou o estudo: “O problema de qualquer estudo que tenta comparar duas substâncias é que existem variações nas medidas de reconstituição e números finais de unidades para cada uma, o que pode ter um grande impacto nos efeitos finais do tratamento. Como são substâncias biológicas e como existem pequenas diferenças no processo de fabricação, sempre haverá diferenças no funcionamento do produto final”, diz. Ela ainda ressalta que as duas substâncias têm aprovação do FDA e apresentam bons registros de segurança até o momento.

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