Fantasias excêntricas, muita maquiagem e adoração por personagens de mangás, animes e games. No último domingo (20), mais de 1.100 apaixonados pela cultura japonesa se reuniram para celebrar a primeira edição do “Cosplay in Rio Show”, no Teatro Odylo Costa Filho, na Uerj, na Zona Norte do Rio. Os portões do evento só abriram às 15h, mas horas antes já se formava uma grande fila de fãs e curiosos. “Estou esperando esse encontro há meses. Cheguei cedo para conseguir um bom lugar”, disse Felipe Monteiro, de 19 anos, que não se importou com o dia ensolarado e com o jogo clássico do futebol carioca, que estava acontecendo no mesmo horário. “Isso aqui é muito mais importante”.
Claudio Roberto, Gabriel da Silva e Steinernets: plateia lotada e filas na porta.
Além do grande encontro de apaixonados pelo mundo dos desenhos japoneses, o “Cosplay in Rio Show” elegeu a melhor dupla de cosplayers do Brasil. Mas não basta ter uma fantasia criativa, o concorrente tem que se transformar – por alguns minutos – no personagem. “É um hobby bem trabalhoso. Durante seis meses, ensaiamos duas vezes por semana, umas quatro horas por dia. Intensificamos o treino no fim de semana, para seis horas diárias”, contou o casal vencedor Marah Suely e Paulo Roberto, do Ceará, que se fantasiaram de Mitsurugi e Ivy, do game Soul Calibur 3.
O casal foi escolhido entre doze duplas finalistas, que foram pré-selecionadas em seletivas que reuniram um total de mais de 400 participantes em 11 estados brasileiros. Além do titulo de melhor cosplayers do Brasil, eles ainda faturaram R$ 3 mil. “Não entramos nessa competição por dinheiro. É uma diversão. O prêmio é consequência.”, afirmou Paulo Roberto, que vive nesse mundo desde 2003.
O casal vencedor, Marah Suely e Paulo Roberto: "Hobby bem trabalhoso"
Além da vitória no concurso, o casal já está classificado para a próxima etapa do World Cosplay Summit, que acontece no meio do ano, em São Paulo. “Não vamos ter descanso. Agora é concentrar nossas forças para o WCS”, disse Marah, acrescentando: “Queremos representar o Brasil e vencer a competição no mundial desse ano porque estamos planejando ter um filho em 2012”.
Dupla identidade
Os motivos para botar a fantasia e agir como se estivessem vivendo um episódio de desenho variam: busca a prêmios, fama e a novas amizades. Mas o principal é homenagear os personagens e tentar ser um herói por um dia. Esse é o caso de Marcelo Fernandes e Thais Jussim, que venceram o segundo lugar do concurso e, em 2007, representaram o Brasil no WCS. “O cosplay é um hobby e já nos levou a conhecer vários lugares do mundo, como Inglaterra, Colômbia, Argentina e México. Dinheiro nenhum paga isso”, disse a figurinista Thais.
Nathalia Lelis e Gabriela Birchal, no palco do Cosplay in Rio Show: dedicação.
E não é que a vida imita a arte? Marcelo Fernandes, que é analista financeiro, vive uma jornada dupla: a de analista financeiro e de apaixonado por cosplay. “Não conto para ninguém essa minha paixão porque muitos não entendem e não gosto de misturar o lazer com o trabalho. Tenho uma vida dupla, quase uma identidade secreta. Por isso, tenho dois perfis diferentes nas redes sociais”, contou ele.
Juntos há 11 anos, os dois se conheceram em um evento similar e desde lá dividem o mesmo teto e a paixão pela cultura japonesa.”O nosso casamento foi uma verdadeira celebração. Todas as damas de honra se vestiram de Saylor Moon e meu vestido foi inspirado no Fantasma da Ópera”, contou Thais, que interpretou o personagem Sesshomaru, a antagonista de "InuYasha".
Familia unida
Já Mariana Queiroz, de 23 anos, não ficou classificada entre as duplas finalistas, mas fez questão de prestigiar o evento. Há três anos ela voltou a assistir animes e descobriu o universo do cosplay. Logo, levou toda a família para participar com ela. “Eu e minhas irmãs pensamos nas fantasias. Em seguida, vou atrás dos tecidos e materiais para minha mãe costurar as fantasias e, meu pai, sempre nos acompanha nos eventos”, contou ela, ao lado das irmãs Maiara e Maisa, de 14 e 17 anos.
As irmãs Maiara, Mariana e Maisa Queiroz: "Pensamos juntas na fantasia".
E Mariana teve que convencer o pai, que é militar, de que o mundo do cosplay é um bom lugar para se criar as filhas. “Fiz questão de levá-las no primeiro evento para ver quem são as pessoas que frequentam. Vi que tudo é uma grande diversão e todo mundo do bem. O cosplay acabou unindo ainda mais a nossa família”
Garoto Prodígio
O organizador do “Cosplay in Rio Show” é o produtor Cultural Pedro Carvalho, de 22 anos, que desde 11 anos vive para incentivar a cultura japonesa no Brasil. O sucesso e a dedicação são tanta, que ele foi eleito presidente do Instituto Japão Pop Br. Para ele, a tendência é que o mercado de cosplay cresça cada vez mais. “Hoje, só o estado do Rio movimenta, mensalmente, R$ 1,5 milhão. Esse cálculo engloba o mercado informal, com venda de acessórios de cosplay, produção e entradas de eventos realizados por fãs, e também o mercado formal, com venda de DVDs, mangás, games, entre outros”, afirmou ele, que já pensa em uma segunda edição. “Vamos torcer para que tudo dê certo e que esse evento se torne anual”.
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